Importe-se menos e seja mais feliz: como evitar o doomscrolling e cuidar da saúde mental
Descubra o que é o doomscrolling e como limitar o excesso de notícias pode melhorar sua saúde mental e promover bem-estar digital

Em um mundo hiperconectado, somos bombardeados por informações a cada minuto: crises políticas, desastres ambientais, debates acalorados nas redes sociais. É fácil sentir-se na obrigação de acompanhar tudo o tempo todo. Mas essa busca por estar sempre atualizado cobra um preço alto: a sua paz de espírito e a sua saúde mental.
O ditado popular aplicado a alimentos "você é o que você come", pode também ser adaptado para a era digital como “você é o que você consome”. Se uma dieta pobre afeta o corpo, uma dieta de informações negativas adoece a mente, e, por consequência, pode impactar a saúde física.
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O custo da hiperconexão para a saúde mental e o bem-estar digital
Acompanhar o ciclo de notícias 24 horas por dia e mergulhar em discussões online muitas vezes tóxicas nos mantém em um estado constante de alerta. O cérebro, programado para identificar ameaças, age como se estivéssemos sempre diante de um perigo iminente.
Crédito: Pexels
Pesquisas mostram que a exposição contínua a notícias negativas e ao excesso de informação está diretamente relacionada a níveis mais altos de ansiedade, estresse e até sintomas depressivos. Participar de debates polarizados nas redes sociais, por exemplo, costuma gerar frustração e raiva em vez de contribuir para uma participação construtiva.
O fenômeno do doomscrolling
Essa compulsão por consumir informações negativas ganhou até nome na era digital: doomscrolling, ou “rolagem da perdição”. É o hábito de navegar sem parar pelo feed em busca de conteúdo alarmante, mesmo quando isso aumenta o mal-estar.
Especialistas em psicologia digital explicam que esse comportamento está ligado a um instinto humano evolutivo: a vigilância constante. A falsa sensação de estar preparado ou ter controle sobre as ameaças é o que nos impulsiona a continuar rolando a tela. Contudo, essa prática apenas ativa de forma prolongada nosso sistema de resposta ao estresse, dificultando o relaxamento e até afetando a qualidade do sono.
Um estudo da Texas Tech University (EUA) revelou que pessoas que consomem notícias de forma compulsiva apresentam níveis mais altos de ansiedade, estresse e até problemas físicos. Essa busca obsessiva por informações negativas, em vez de trazer segurança, interfere na saúde emocional e cria um ciclo vicioso.
Crédito: Pexels
Gerenciado o que se consome
Cuidar da mente começa por selecionar melhor o que entra no seu dia a dia. Assim como você escolhe alimentos nutritivos para o seu corpo, é vital escolher conteúdos que nutrem a sua alma.
Importar-se menos com o ruído e os dramas desnecessários não é sinônimo de alienação. É, na verdade, uma forma de usar sua energia mental de maneira estratégica e saudável.
Dicas para manter o equilíbrio e o bem-estar digital
• Defina horários: coloque na rotina diária horários e períodos específicos para consumir notícias (e que sejam em fontes confiáveis). Evite o hábito logo ao acordar ou antes de dormir;
• Desapegue do debate: afaste-se das discussões online que geram mais estresse do que aprendizado. Lembre-se: nem toda opinião merece sua energia de resposta;
• Priorize o positivo e o produtivo: siga perfis e consuma conteúdos que te inspiram, ensinam uma nova habilidade ou que tragam leveza. Diversificar o seu consumo de informação é o melhor antídoto.
• Encontre um hobby: quando sentir a mão coçar para pegar o celular, substitua a rolagem por uma atividade que te reconecte ao mundo real: jardinagem, culinária, leitura de um bom livro ou uma simples conversa olho no olho. O tédio precisa também ter lugar no seu dia.
Ao praticar essa higiene mental, você não apenas reduz o estresse, mas libera espaço para a felicidade real, que reside nas suas interações, nas suas paixões e na sua vida fora da tela. Sua paz é o seu bem mais precioso. Não a troque pela próxima polêmica ou notícia publicada.